Para que servem os guarda-chuvas
Senão para esconder o amor?
O que me resta fazer
É andar na chuva sem destino.
A vida é mais rara.
A vida é mais cara.
Tudo se tornou absolutamente desnecessário.
Necessário é dizer bom dia.
Necessário descer as escadas
E sair na rua.
Necessário tomar café com leite e pão com manteiga.
Necessário dormir quando se tem sono,
Acordar quando começa o dia,
E tudo ir seguindo seu ritmo sem rumo.
Para onde vamos que não sabemos onde estamos?
Tudo segue a ladainha de sempre.
Compra jornal, fala ao telefone,
Escuta o rádio, assiste à TV.
E a vida escoa como se não nos pertencesse.
O que fazer para torná-la nossa?
O relógio marca horas que não vejo,
A agenda guarda nomes que não leio,
Os livros têm poemas que não lembro,
E tudo vai se esgueirando por não ter mais motivos.
O motivo de ficar.
O motivo de ser.
O motivo de dizer.
O motivo de lembrar.
Eu me lembro de quando tinha nove anos.
E depois de quando tinha dezoito.
Quando tinha vinte e oito.
E agora aos cinquenta e oito,
Todo o tempo que passou virou névoa,
Lembrança, recordação, memória.
A minha vida só vale o que eu me lembro dela.
E o que eu não lembro, eu não vivi.
TCRM – 16/06/2016 – 12h20
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