sexta-feira, 12 de agosto de 2016

5 Pássaros ditam minha sina (TCRM)


Pássaros ditam minha sina.
Não sou eu quem prevê o futuro,
Mas o preveem por mim.
Leem minha xícara de chá,
Cartas de tarô,
As linhas da minha mão,
Jogam búzios para me dizer
O que acontecerá.
Eu não sei o que acontecerá.
Não quero saber o que acontecerá.
Eu não estarei lá quando acontecer.

Prever o futuro no voo dos pássaros,
Nas entranhas da colmeia,
Nos veios das árvores,
No trajeto das estrelas
É ser profeta em causa própria,
E nem Cristo, em toda a sua glória,
Impediu a sua, mesmo ao vê-la.

Que sabemos nós de nós mesmos?

Ah, mas o poema responde,
Se lhe perguntam.
O poema traz a resposta,
Se lhe fazem a pergunta.
Eu não conheço as perguntas,
Mas eu tenho as respostas.
Estão todas nos poemas.

Escrevo para que as respostas venham,
Mesmo sem ler as linhas da mão,
Sem olhar as estrelas,
Sem xícaras de chá ou café,
Sem adivinhações baratas ou caras.

A vida não é para ser escrutinada.
É para ser apenas vivida.
E vivê-la deveria ser suficiente
Para compreendê-la,
Sem perguntar por quê.


TCRM – 15/06/2016 – 11h18

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