sexta-feira, 12 de agosto de 2016

19 Quantas palavras ditas que somente hoje entendo (TCRM)


Quantas palavras ditas que somente hoje entendo.
Espero a noite descer para dormir mais cedo.
Os homens se recolhem no frio com suas luvas enlutadas.
Deixamos para trás todos os sofrimentos inúteis.
O sofrimento é inútil, embora nos ensine a persistir.
A palavra é o alimento.
A palavra diz o que o homem se nega a dizer.
A palavra é o homem, em sua mais completa transparência e sedução.
A palavra seduz o homem ao ler o poema.
O poema o completa e lhe diz que ele não precisa sofrer,
Mas ele sofre.

Por que sofrem os homens diante de si mesmos?
Por que o poema traz tanto sofrimento, enquanto a palavra é dita?
Ela foi feita para acalentar, acolher,
E amenizar o sofrimento do homem.

Não há mais sermões da montanha,
Não há mais orações no Monte das Oliveiras,
Não há mais peixes no Mar da Galileia,
Não há mais crucifixos no Monte Calvário.

Minha oração é o poema.
Nele aprendo quem sou e quem são as pessoas.
As pessoas se refletem no poema e o poema as espelha.
Somos os derradeiros profetas,
Os derradeiros discípulos da palavra.

Os poemas atravessam os séculos e nos encontram.


TCRM – 30/06/2016 – 13h26

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