sexta-feira, 12 de agosto de 2016

28 Alguma coisa se quebrou (AAF)


Alguma coisa se quebrou
sem que eu saiba,
mas sinto.

Ainda sinto.

Os dedos quebram
nas mãos de porcelana.

A sombra quebra junto aos pés
e se estende pela parede do quarto.

Sou o poeta da minha rua
onde durmo com uma mulher
que nunca perguntou meu nome.

Trocamos silêncios
até que a noite se quebra
e cobre as folhas
que dormem na minha casa.

Nada tenho que me lembro,
deixei meu rosto no espelho
que se quebra sempre,
onde tento me achar
numa imagem que não há.

Deixei-me de mim,
mas em mim ainda resido,
como um estranho
que não conheço.


AAF – 10/07/2016 – 11h

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