sexta-feira, 12 de agosto de 2016

29 Te conheço como quem não eras (TCRM)


Te conheço como quem não eras.
Para isso, não terias de ser,
Senão o mesmo que sempre foste.

Não precisamos de espelhos para nos mirar.
Se não conhecêssemos nosso reflexo,
Pensaríamos sermos iguais.

As mãos de porcelana afagam a mais íntima lembrança dos nossos rastros.
Somos apenas a nossa estatura.
Vestimos casacos, botas, xales, mantôs e atravessamos a rua.

O poeta atravessa a rua.
O poema atravessa os sentidos.
O som atravessa o silêncio.

Ergue-te e anda.
Não te esqueças do teu paraíso.


TCRM – 11/07/2016 – 23h45

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