sexta-feira, 12 de agosto de 2016

31 O que sei de mim eu não compreendo (TCRM)


O que sei de mim eu não compreendo.
O que sei de mim eu já esqueci.
Se pudesse compreender, eu não escreveria,
Pois escrevo para tentar entender.
Busco nas palavras a indecifrável sabedoria
Que atravessa o tempo,
E se instala nas coisas simples,
Como uma xícara de chá,
Um pano sobre a mesa,
Um tapete ao lado da cama,
Um dossel sobre o leito.

Desejei compreender o amor,
E o amor me escapou por entre as frestas.
Desejei viver o que achava belo,
E a beleza se transformou em feiura.
Desejei viver sonhos nos lugares onde morava,
E deixei-os com pesar e arrependimento.

A vida descarnou-se para me mostrar
Sua gengiva sem dentes.
Eu não podia mais viver naqueles lugares
E por isso me mudei.

Toda vez que chego a um novo lugar,
Me pergunto: Serei feliz aqui?
E começo a assistir ao desmanche de tudo.
O que era um prazer deixa de ser.
O que era bonito se enfeia.
O que era bom se torna um fastio.

E eu só queria ser feliz
De um jeito que eu não sabia.


TCRM – 15/07/2016 – 2h48

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