A vida se interrompe todos os dias quando nos
perguntamos por quê.
Por que começamos pelo começo.
Por que nos calamos quando devemos responder.
Por que temos mais perguntas que respostas e as
respostas nunca são completas.
Gostamos de dizer “Se”, quando é praticamente
impossível imaginar todas as possibilidades e o que aconteceria a partir delas.
Somos limitados em essência e queremos ser apenas
práticos quando deveríamos ser criativos.
Não saber é um belo modo de querer descobrir.
Descubro que nada sei.
Assim é preciso aprender alguma coisa.
Olho.
Inventario.
Pesquiso.
Escrutino.
Desvelo.
Eu me desvelo quando vejo que não há saídas para o
hoje que continua sendo absolutamente hermético.
Decifra-me ou te devoro.
Devora-me para me decifrar.
Antropofagia do ser que engole palavras.
Eu te decifro para que me digas quem sou.
Sou o que não sei que sou.
Só o impossível me revela a cada instante.
Cada instante se desdobra em outros instantes
diminutos que escorrem por dentro da pele,
Entre os ossos, onde um som contínuo sibila meu nome.
Eu não tenho nome.
A natureza das coisas não muda.
As coisas, sim.
A natureza, não.
Ouço o farfalhar de folhas e espero.
É madrugada e um som surdo ecoa por trás das portas
abertas.
Não passemos ao infinito, porque lá nunca amanhece.
TCRM – 3/07/2016 – 13h22
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