sexta-feira, 12 de agosto de 2016

25 Tua voz amanhece e anoitece (TCRM)


Tua voz amanhece e anoitece
Todos os murmúrios que ouviste mais cedo,
Cego de espanto e medo,
Pois a carne é frágil em todos os sentidos.

Amanheces onde há abismos,
Montanhas com veios de água pura,
Escavando sendas profundas
Entre os grotões por onde passam os homens.

Esquece as visões do paraíso,
Este que deixaste ao largo,
Pois a bruma te cobre e te esquece,
Escondendo-te o caminho.

Esta a bússola da aurora,
A que abre todas as vias
Estreitas por onde passas.
Ontem, o mistério. Hoje, o segredo.

O que descobriste que só agora me dizes?
O que encontraste em tua busca insana?
Que horas partes e a que horas voltas?
Qual é o teu destino agora?

Nada se vislumbra na terra
Que não seja determinado.
Os homens estão esquecidos.
As montanhas, silenciosas.

Sobre o tempo, não temos nada.
Evitamos toda discórdia.
Tuas mãos tão amadas.
Minhas duas pérolas de glória.

O que dizes que só eu escuto?
O que sei que não te digo?
O que ouço que já pressinto?
O que vês que não conhecias?

Resta ainda um dia para toda procura infinda.
Homens e mulheres se esquecerão de tudo.
E deixarão um rastro pelo caminho
Para os que vierem depois.


TCRM – 6/07/2016 – 10h30

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