sexta-feira, 12 de agosto de 2016

12 Decifrar o que não se sabe (AAF)


Decifrar o que não se sabe
por essa rara urdidura que a palavra tece
como se querer adivinhar
aquilo que nunca acontece.

Vive em mim um poema morto
e para mim é o bastante.

As palavras não bastam mais.

Minha boca costurada
diz bem o que quero dizer.

Sei apenas que são 8 horas da noite
e a mulher que espero
morreu em 1999.

Para mim é a mesma coisa
ir embora para casa
ou atravessar para o outro lado da rua.


AAF – 23/06/2016 – 12h34

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