As cartas que Fernando Pessoa
Enviou a Ophelia me seduziram
Desde garota quando as li
Pela primeira vez.
Seu apelido Íbis fez-me sonhar
Com publicar livros.
Ophelia era Íbis-Bebê.
A ela, escrevia apaixonadamente,
Para depois dizer que todas as cartas de amor
São ridículas e, se não fossem ridículas,
Não seriam cartas de amor.
E assim as cartas de amor se extinguiram,
Porque ninguém queria mais parecer ridículo.
Pessoa nasceu no dia de Santo Antônio,
Que também se chamava Fernando.
E sempre comemorou o dia de seus anos.
Quando deixou de escrever a Ophelia,
O Sr. Álvaro de Campos veio lhe dizer
Que escrevia a mando dele,
Mas que não gostava dela.
Ela só se casou depois de Pessoa morrer,
De cirrose hepática, no dia 30 de novembro de 1935,
Deixando um baú inesgotável de poemas.
O ano da morte de Fernando Pessoa
Não é o ano da morte de Ricardo Reis.
Seus heterônimos continuaram vagando.
Só o Mestre Caeiro se foi antes dele.
Para ser grande, escreve poemas.
Não exageres, nem excluas nada deles.
Sê todo em cada poema.
Põe quanto és, no mínimo que escreves.
Assim, em cada livro, o poema todo brilha,
Porque alto vive.
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